@natiribeiro95
Quantas vezes me peguei afoita, em constante estado de alerta, certa de que tudo estava no lugar e nada mais daria errado para mim: o céu seria o limite. Ledo engano. Na ânsia de querer avançar a todo tempo, o ego camufla a essência, e o tombo, quando vem, pode ser pior do que se imagina.
O mundo valoriza o progresso contínuo, a superação ininterrupta. Eu já andava na rua com o celular nas mãos, o tempo todo, com medo do chefe me ligar, do prazo apertar, da entrega não sair. Era uma autocobrança sem fim, enquanto eu só guardava aquilo que me fazia mal, fingindo estar bem.
Colapsei. Pedi ajuda e entrei na psicóloga. Há tanto o que falar. Chorei. Por mim, pelos meus pais, por toda a vida que ganhei, mas também por toda a vida que perdi. Como dois anos se passaram desde que entrei no meu atual emprego? Quando pisquei, já estava em maio novamente.
Mas este maio estava diferente: vovó já não estava mais aqui, e eu me sentia deslocada, pela primeira vez, de um posto que, para mim, seria meu até o final do mandato. Mas a vida, quando a gente não ouve, resolve tudo para nós: fui realocada, com uma remuneração menor.
Que queda! Que rasteira! E todos os planos – que demandariam dinheiro? Como seriam executados? Senti-me livre, senti-me leve, senti-me aliviada. Foi estranho tirar um peso de algo que eu nem sabia o porquê estava carregando. Qualquer recuo, no mundo de hoje, significa fraqueza. Para mim, aquilo era força.
Precisei do externo – como sempre, pois teimosa sou – para recalibrar. Se somos e fazemos parte da natureza, não há porque ser diferente do que do restante: o crescimento não é linear. Um rio, antes de seguir seu curso, recua para contornar obstáculos.
E prestes a fazer 30 anos, eu recomeço com mais clareza – e leveza: revejo as decisões mal alinhadas, alinho a rotina com os meus valores, ganho fôlego para saltos maiores. É um gesto que exige muita humildade – e paciência – mas que não diminui quem sou: ao contrário, prova que a força está na resiliência.
Crescer não é apenas subir: é saber pausar, ouvir o coração, recomeçar – em meio a todas as circunstâncias que a vida nos oferece.
Quantas vezes me peguei afoita, em constante estado de alerta, certa de que tudo estava no lugar e nada mais daria errado para mim: o céu seria o limite. Ledo engano. Na ânsia de querer avançar a todo tempo, o ego camufla a essência, e o tombo, quando vem, pode ser pior do que se imagina.
O mundo valoriza o progresso contínuo, a superação ininterrupta. Eu já andava na rua com o celular nas mãos, o tempo todo, com medo do chefe me ligar, do prazo apertar, da entrega não sair. Era uma autocobrança sem fim, enquanto eu só guardava aquilo que me fazia mal, fingindo estar bem.
Colapsei. Pedi ajuda e entrei na psicóloga. Há tanto o que falar. Chorei. Por mim, pelos meus pais, por toda a vida que ganhei, mas também por toda a vida que perdi. Como dois anos se passaram desde que entrei no meu atual emprego? Quando pisquei, já estava em maio novamente.
Mas este maio estava diferente: vovó já não estava mais aqui, e eu me sentia deslocada, pela primeira vez, de um posto que, para mim, seria meu até o final do mandato. Mas a vida, quando a gente não ouve, resolve tudo para nós: fui realocada, com uma remuneração menor.
Que queda! Que rasteira! E todos os planos – que demandariam dinheiro? Como seriam executados? Senti-me livre, senti-me leve, senti-me aliviada. Foi estranho tirar um peso de algo que eu nem sabia o porquê estava carregando. Qualquer recuo, no mundo de hoje, significa fraqueza. Para mim, aquilo era força.
Precisei do externo – como sempre, pois teimosa sou – para recalibrar. Se somos e fazemos parte da natureza, não há porque ser diferente do que do restante: o crescimento não é linear. Um rio, antes de seguir seu curso, recua para contornar obstáculos.
E prestes a fazer 30 anos, eu recomeço com mais clareza – e leveza: revejo as decisões mal alinhadas, alinho a rotina com os meus valores, ganho fôlego para saltos maiores. É um gesto que exige muita humildade – e paciência – mas que não diminui quem sou: ao contrário, prova que a força está na resiliência.
Crescer não é apenas subir: é saber pausar, ouvir o coração, recomeçar – em meio a todas as circunstâncias que a vida nos oferece.