Em épocas de festas e jogos de futebol nossos aumigos peludos sofrem com o barulho das bombas.
Para efeitos de comparação, o ouvido canino é capaz de perceber sons com frequência entre 10Hz e 40Hz. O nosso ouvido percebe até 20Hz. Além disso os cachorros conseguem detectar sons quatro vezes mais distantes que a gente.
Para os cachorros, a audição é mais importante para a defesa do que para os humanos, isso se levamos em conta o posicionamento dos olhos e as faculdades mentais de cognição e raciocínio. Portanto nossa audição perde longe para os caninos.
Então o que pode parecer bobagem para o homem (sabemos que as bombas são para comemorar e não um suposto ataque) para os cães pode ser motivo de pânico e desespero, causando desde machucados até fugas que podem terminar em morte por atropelamento, quedas ou mutilações. Portanto em período de festas ou quando os famigerados jogos de futebol acontecem os animais ficam desesperados.
Isto porque o deslocamento do ar provocado pelas explosões é a causa do estrondo que ouvimos. E se acontecer muito próximo ao ouvido do cãozinho pode causar até a ruptura do tímpano e comprometer a audição. Esse barulho intenso e pouco comum pode gerar quadros de fobia ou de ansiedade, aumento de tremores, taquicardia (aumento da frequência cardíaca), latidos e choros e em casos extremos, levar o animal à óbito.
Entretanto, o que podemos fazer para prevenir esse desconforto no nosso melhor amigo? Algumas medidas podem ajudar a melhorar a sensação de pânico e medo dos cachorrinhos, como manter o ambiente fechado com música ou televisão com sons mais altos (existem canais especializados para esse fim). Também podemos enriquecer o ambiente com brinquedos ou desafios para que ele tenha sua atenção desviada.
Também existem algumas formas de “enfaixar” o animal para que ele se sinta mais seguro. Se mesmo assim ele insistir em se esconder, permita que os espaços sejam seguros e livres de acidentes (longe de janelas, piscinas, quinas, varandas) ou até deixa-lo em contato com outros cães que não se assustem com o barulho dos fogos.
Mas se o comportamento for muito grave em alguns casos é recomendado sedação e tranquilizantes, sempre sob rigorosa supervisão do médico veterinário.
Porém algumas técnicas prévias podem ser aplicadas. Uma dica é o processo de dessensibilização, ou seja, o adestrador progressivamente coloca o cãozinho em contato com sons cada vez mais altos até ele acostumar com o barulho.
Lembrando que esse tipo de condicionamento também deve ser realizado por especialistas, nunca por amadores ou o resultado poderá ser desastroso para o comportamento do animal.
Alguns países, como Alemanha, Austrália e Japão já proibiram fogos com barulho de bombas.
No Brasil ainda não há uma legislação federal que proíba essa prática sem sentido, mas algumas cidades como São Paulo, Poços de Caldas, Campos do Jordão, Ubatuba e Florianópolis também aderiram à essa ideia e estão dando exemplo de cidadania e civilidade.
Já em Brasilia, infelizmente, ainda temos bombas atormentando nossos aumigos.
Talvez fosse a hora de uma mobilização popular para pressionar a Câmara Legislativa do DF a adotar fogos de artifício sem barulho na capital do país. Seria uma forma de mostrar ao Brasil que a população do DF está antenada, preocupada e apoia a causa animal, mas principalmente já repensa velhos conceitos que não fazem mais o menor sentido.
Duvidas e outras perguntas mande para o Dr. Antonio Galvão
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