Estou há quase dois anos solteira: um marco para mim, que sempre fui namoradeira. Passar por um divórcio no início da minha vida adulta não foi fácil, mas me ensinou que a vida pede um tempo diferente do que nós queremos. Nesse tempo sozinha, aprendi que nada sai como planejamos, e mesmo que haja rotina em meio ao caos, a ordem que prevalece é sempre a de Deus.
E Deus não tem tempo cronológico como nós imaginamos. Não adianta tentar negociar, fazer promessa ou agir com todas as forças: o que não é pra acontecer, não vai acontecer. A falha humana sempre me fascinou: por que cometemos os mesmos erros inúmeras vezes, mesmo sabendo que vamos nos machucar?
Até quem tem um autocontrole invejável acaba caindo em tentação e repetindo padrões que não eram para ser repetidos. Isso nos prova que, embora queiramos o controle de tudo – inclusive de nosso comportamento -, estamos longe da perfeição almejada. O que explica a vontade inigualável de se relacionar com alguém e ao mesmo tempo o medo do comprometimento? O que explica o desejo sexual ardente por alguém que nem sequer liga para nossos sentimentos?
O que explica a conexão profunda com alguns e o total desinteresse por outros? Às vezes me dá vontade de desistir, de parar de tentar. São tantos encontros rasos, tantas frustrações e comparações. Mas a força que habita em mim é maior do que tudo isso. No início, fingi para mim mesma que eu estava bem – e já preparada para um novo relacionamento. É claro que não era verdade. Mas aos poucos fui me acostumando com a solidão – que virou solitude – e agora o que mais quero é aproveitar cada momento do presente.
Não vou mentir que quero alguém para compartilhar os risos e os choros, mas aprendi – de verdade – a viver sozinha. Sempre amei fazer tudo sozinha: restaurantes, viagens, cinema, exercício físico e tudo o que puder ser feito a sós. Mas o que eu nunca havia percebido é que antes eu fazia tudo isso sempre procurando alguém para estar comigo. Hoje já aceitei a ideia de que talvez eu nunca mais vá me casar.
Sou nova, eu sei: as chances de eu encontrar alguém são enormes. Provavelmente terei sim uma família, cheia de filhos quem sabe. Mas hoje já não me assusta tanto a ideia de viver só comigo mesma. Não vou mentir que isso não é o que está nos meus planos, mas como já disse no início deste texto, planejamento nunca foi feito para dar 100% certo. Se deu, foi pura sorte. As surpresas da vida é que são invioláveis.
Passei do caos à ordem: uma ordem nem tão ordenada assim, afinal de contas, um pouco de bagunça deixa a vida mais humana. Estou aberta ao novo, aberta aos recomeços, aberta a tudo o que a vida tem para me oferecer de belo. Trato-me bem, estabeleço meus limites, estou em constante mudança e aprendizado, e, acima de tudo, trato o meu espiritual como se fosse a coisa mais sagrada que eu tenho para mim e para os outros: e é.