Natália Ribeiro @natiribeiro95
Dia desses, fui tomada por um susto. Na verdade, o susto foi algo leve, perto do desapontamento que senti diante da situação. Sou assessora de imprensa e trabalho há quase quatro anos no mesmo local, portanto tenho know how do que estou fazendo. Como ser humano, cometo erros, mas logo os assumo, peço desculpas e os corrijo. Mas, como meu trabalho, muitas das vezes, necessita de uma personalidade um pouco incisiva com os jornalistas de veículos e colunistas sociais, acabo sendo ignorada por muitos. É normal em um trabalho de assessoria de imprensa. Até aí, nada de novo.
Aprendi, desde que entrei na empresa em que trabalho, portanto, que o ideal seria ser sempre muito gentil com todos os jornalistas, mesmo que estes fossem indelicados comigo. Em todas as vezes que precisei passar por cima de algum inconveniente, obtive sucesso. Sei ser educada com maestria. No entanto, há uns três dias, ocorreu-me um incidente bem desagradável: uma jornalista, já bem idosa, conhecida por seus barracos e fofocas no mundo jornalístico, veio me xingar por algo que eu não havia feito, ou melhor, por algo que ela considerava que estava errado, mas não estava.
Respirei fundo e respondi-a com calma, elogiando seu trabalho, pedindo até mesmo desculpas por algo que eu não havia feito. Como já a conheço de anos, sei que ela enviaria alguma mensagem à minha chefe, portanto já me adiantei e logo colei nossa conversa de whatsapp para minha superior ficar a par da situação. Eu estava chateada, mas, como a fama da jornalista já não era das melhores, tentei ficar bem e não levar para o lado pessoal. Respeito muito os mais velhos, e tentei dar um desconto pois sabia que essa jornalista – de uma coluna social de Brasília – já estava mais pra lá do que pra cá.
No entanto, a dita cuja não só não aceitou meu pedido de desculpas (que eu nem deveria tê-lo enviado), como me xingou, xingou a empresa em que trabalho e disse que não gostaria de receber mais nada nosso. Fiquei em choque! Ninguém nunca havia falado daquela maneira comigo! Na hora, enviei a conversa para minha chefe e fui meditar, pois neste momento eu já estava em casa. Orei muito pela alma daquela senhora tão desagradável, e orei para não me deixar contaminar pela energia negativa ou pela sede de vingança. Deu certo! Consegui me controlar, dormir como um anjo e acordar plena, sem nenhuma chateação.
Se fosse antigamente, eu provavelmente teria respondido a jornalista, perdendo as estribeiras e ficando com uma raiva acumulada no peito por muito tempo. Graças a Deus, hoje sou adepta do autocontrole, e sei como respirar corretamente para não tomar atitudes precipitadas. Nem sempre dá certo, ainda mais levando em consideração que sou uma pessoa impulsiva, mas a cada vez que consigo vencer uma batalha dessas com maestria, fico muito orgulhosa de mim e da minha trajetória no autoconhecimento.
Na tarde seguinte, minha chefe ainda estava abalada, chorosa, muito triste com a situação. Ela não havia dormido nada, tomou inclusive remédios para adormecer e acordou ainda grogue, um tanto quanto depressiva. Eu tentei acalmá-la, dizendo que já estava tudo bem, tudo resolvido. Ela ficou mais leve, até mesmo porque recebeu uma mensagem da dita cuja tentando apaziguar um pouco a situação. Pensei comigo: nada como estar alinhada com o universo, sabendo que nada é permanente e tudo se transforma. Quando temos essa certeza dentro de nós, nada nos abala, e passamos por todos os problemas com tanta leveza. Muitas das vezes, o que fica ferido é o ego, e vocês já estão carecas de saber que devemos suprimi-lo, não é mesmo?
Por fim, o resumo da ópera é este: hakuna matata! Vivamos sem preocupações! É claro que, quando somos apunhalados assim, não quer dizer que tenhamos que manter nossas relações com quem nos machucou – eu mesma bloqueei a jornalista e não quero saber dela por um bom tempo. Mas o perdão é essencial para deixar fluir a energia dentro de nós, mesmo que isso signifique passar por cima de alguns acontecimentos desagradáveis. Que possamos emanar energias positivas para todos, especialmente para aqueles que nos machucam de tantas formas. A evolução precisa continuar.
