Quando falamos em adestramento canino a primeira pergunta é “mas todo cãozinho precisa ser adestrado?” E a resposta é sim. Ou ainda, seria bom que fosse assim.
Então vamos tentar entender para que serve adestrar nosso melhor amigo e em que situações pode ser um benefício para todos.
O adestramento usa técnicas de psicologia canina para solucionar problemas de comportamento ou ainda ensinar o animal a realizar algumas gracinhas, através da maneira peculiar que os animais desenvolvem para se comunicar conosco. Além dos benefícios físicos, o adestramento colabora para a saúde emocional e mental do cachorro e ajuda a estimular seu raciocínio e memória, isso porque um animal adestrado apresenta convívio mais tranquilo com outros cachorros e humanos.
Comandos como deitar, dar a pata, rolar e obediência básica, criam laços duradouros e de confiança com seus donos.
O adestrador Igor (@igor_adestrador), do Pet Hotel Park Way explica que a melhor idade para se começar um trabalho de adestramento é quando o animal ainda é filhote. Mas isso não quer dizer que animais mais velhos não possam ser adestrados. Talvez demore um pouco mais, porém com as técnicas corretas todos podem aprender.
Igor conta que começou a se interessar por cães adestrados ainda no exército, quando trabalhou no canil apoiando veterinários e treinadores da polícia. Seu primeiro contato foi com cães pastores, que trabalham em missões de resgate e salvamento, além de reconhecimento.
Desde então buscou se especializar e hoje ajuda famílias a encontrar equilíbrio na relação com seus animais, e claro, resolver problemas de comportamento que na maioria das vezes prejudica essa convivência.
O problema mais recorrente é a reatividade, ou seja, aquele brigão que não pode ver outro cachorro e já quer partir pra cima. Esse tipo de comportamento pode ter várias causas, mas a principal delas é a falta de convivência com outros da mesma espécie além da energia acumulada. Já diz o velho ditado: cachorro cansado, não briga.
Segundo Igor, drenar a energia do cachorro diariamente é fundamental para amenizar a reatividade. Além disso, outras técnicas de reforço positivo são utilizadas, como quando o animal entende o comando e é recompensado por isso.
Para identificar a raiz do problema, é necessária uma conversa com os tutores para entender a rotina dos cães e, dessa forma, perceber onde está o gatilho que desencadeia esse tipo de comportamento
Igor conta que outras demandas são bem recorrentes, como cães que puxam muito a guia e carregam seus humanos sem controle ou ainda cães que não acertam nunca o caminho do tapete higiênico e fazem suas necessidades em qualquer local. Isso sem falar nos que fogem ao menor sinal de portão aberto.
Mas calma, para tudo tem um jeito. Com técnicas certas de reforço positivo (ou negativo, que não pode ser confundido com maus tratos) haverá sempre uma saída para ensinar o cãozinho a ter um comportamento mais adequado e seguro para todos.
Ainda, um dos grandes problemas atuais é a humanização dos animais. Igor nos conta que cães tem instintos naturais que precisam ser estimulados e não podem ser privados disso. Privar um cachorro de ser cachorro desencadeia vários problemas de comportamento no animal.
Humanizar um animal traz muitos problemas psicológicos para ele e isso pode ser responsável por comportamentos reativos frequentes, dificuldade de socialização além de agressividade.
Para se adestrar, existem técnicas e ferramentas específicas que só um profissional treinado saberá como utilizar para ter assertividade no trabalho executado. Igor explica que cães trabalham com associação e que um bom treinamento dura entre dois e seis meses, dependendo do caso e da dificuldade. Mas o processo tem que ser constante e estar de acordo com a família. Não adianta nada o professor estimular um comportamento e os tutores outro. Isso vai confundir ainda mais o cachorro e prejudicar o trabalho de adestramento.
Adestrar é como ir para a terapia. Tem que ser sempre e com um bom profissional.
Igor lembra que o relacionamento do cão com seu tutor tem que ser de confiança. E essa relação não se constrói de uma hora para outra. Todo tutor deve reservar um momento para seu melhor amigo. Quem não tem tempo, não deve ter um animal de estimação. Um passeio a dois uma vez ao dia pode trazer muitos benefícios nessa relação. Além do exercício físico, o passeio trabalha a ansiedade, desenvolve o instinto e gastar energia do animal. Quer coisa melhor?
Se o tutor não consegue ter essa rotina diária, existem profissionais especializados como passeadores e creches, onde os cães são estimulados a conviver em harmonia e equilíbrio com outros de diferentes espécies.
Portanto sempre é bom lembrar que um tutor tem responsabilidade com seu animal e deve zelar pelo bem estar dele.
Drº Antonio Galvão é médico veterinário e um dos sócios do @pet_hotel_park_way
(61) 98349-9900 pethotelparkway@gmail.com
