A Operação Compliance Zero apura fraude na emissão e negociação de títulos de crédito que podem ter movimentado até R$ 12 bilhões e atingiu a sede do banco público do DF.
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (18/11), a Operação Compliance Zero, que investiga um suposto esquema bilionário de fraude na emissão e negociação de títulos de crédito no mercado financeiro. A ação culminou no afastamento judicial do presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e em buscas na sede da instituição, no Setor de Autarquias Norte. Segundo a PF, as suspeitas envolvem irregularidades graves identificadas pelo Banco Central e podem ter movimentado até R$ 12 bilhões.
O Banco de Brasília (BRB) divulgou nota informando que mantém todas as operações e serviços em funcionamento, após ter a sede alvo de buscas da Polícia Federal (PF). A determinação judicial tem validade de 60 dias. Contudo, Paulo Henrique está nos Estados Unidos, onde participa de um curso na Universidade Harvard.
A investigação teve início após o Banco Central (BC) identificar irregularidades na composição de carteiras de crédito usadas como lastro em operações financeiras. Segundo a PF, instituições envolvidas teriam criado títulos sem lastro real e os repassado a outras empresas, incluindo o BRB. A corporação apura crimes como gestão fraudulenta, organização criminosa e delitos contra o sistema financeiro. O esquema pode ter movimentado até R$ 12 bilhões, de acordo com estimativas da PF.
Nesta terça-feira, a PF prendeu o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos, quando ele tentava embarcar para Dubai. Também foram detidos o ex-sócio Augusto Lima e o tesoureiro Alberto Félix. Ao todo, a operação cumpre cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão em cinco estados.
O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, afirmou na decisão que há indícios de que o BRB buscou “amparar o Banco Master em sua crise de liquidez”, ao adquirir carteiras de crédito que representariam 30% de todos os seus ativos. Para o magistrado, o banco teria desconsiderado irregularidades graves identificadas nas operações.
BRB nega irregularidades
Em nota, o BRB afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência” e que presta regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre operações relacionadas ao Banco Master. O banco reiterou seu compromisso com “ética, responsabilidade e integridade”.
O BRB tem relações comerciais com o Master e chegou a anunciar sua aquisição em março de 2025, operação posteriormente barrada pelo Banco Central.
GDF indica novo presidente

Após o afastamento de Paulo Henrique, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou a indicação de Celso Eloi de Souza Cavalhero, servidor da Caixa Econômica Federal, para assumir a presidência do BRB. Celso Eloi é superintendente da Caixa em Brasília e acumula mais de 30 anos de experiência no setor financeiro. A nomeação ainda precisa ser aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Ibaneis afirmou que a escolha visa garantir a normalidade dos serviços e reforçar os mecanismos internos de governança e compliance.
O GDF divulgou nota oficial afirmando que o BRB mantém “capacidade plena de operação” e reforçou o compromisso com a transparência e a colaboração com as autoridades.
Reações políticas
Após a deflagração da operação, deputados distritais de oposição protocolaram pedidos de instalação de uma CPI para investigar a tentativa de compra do Banco Master pelo BRB. Segundo os parlamentares, a operação levantou dúvidas sobre o uso de recursos públicos em negócios considerados de risco.
Próximos passos
A investigação segue sob sigilo. Os envolvidos serão ouvidos pela Polícia Federal e podem responder a processos criminais e a sanções do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A PF também deve aprofundar a análise da origem dos recursos movimentados e dos eventuais beneficiários das operações investigadas.







