O mês de maio é dedicado às mães e, na saúde, não é diferente. Denominado de Maio Furta Cor, o mês é reservado para tratar da saúde mental materna. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma a cada cinco mulheres brasileiras sofre com depressão pós-parto, no período de 6 a 18 meses do bebê.
“Estudos mundiais estimam que 3,7 mulheres cometem suicídio no pós-parto a cada 100.000 nascidos vivos”
Carolina Leão, psicóloga e membro do GCDRAPS
Em panorama mundial, dados apontam que o sofrimento mental materno pode ser tão intenso a ponto de causar suicídio, sendo uma das principais causas de morte de mulheres no primeiro ano de vida após o parto. “Estudos mundiais estimam que 3,7 mulheres cometem suicídio no pós-parto a cada 100.000 nascidos vivos”, explica a psicóloga e membro do Grupo Condutor Distrital da Rede de Atenção Psicossocial (GCDRAPS), Carolina Leão.
Entre a gestação e o primeiro ano de vida do bebê, a mãe fica dez vezes mais suscetível a desenvolver algum tipo de transtorno mental. A saúde mental materna também é abalada em razão de alterações hormonais, da jornada extenuante para equilibrar o contexto familiar e profissional, ou por intercorrências no parto, perdas gestacionais, prematuridade, entre outras questões.
Com o acompanhamento neonatal realizado no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), Andra conseguiu superar o momento e cuidar da filha. “Conforme os dias foram passando, entendi que tinha de aceitar a situação que estava vivendo para cuidar dela e cuidar de mim, além de vivenciar o momento. Nenhuma mãe se prepara para ter seu filho antes da hora, mas acontece”, conta.
Alterações hormonais
Entre os temas, o mês é dedicado a conscientizar as mulheres sobre as mudanças emocionais que ocorrem durante e após a gestação. “Falamos em especial de todas as alterações psicofisiológicas que ocorrem ao longo de todo ciclo gravídico puerperal. Quando uma mulher engravida, há uma mudança completa do ponto de vista hormonal, que influencia sua habilidade psíquica”, explica a psicóloga da Unidade de Neonatologia do Hospital de Ceilândia (HRC), Denise Percilio.
Prevenção
A prevenção de transtornos mentais maternos se inicia na assistência pré-natal, quando os profissionais de saúde observam o histórico da gestante de saúde mental, se a gravidez foi planejada e desejada, o contexto da rede de apoio e os fatores de risco. Identificando o risco, a equipe de saúde poderá realizar encaminhamento para os tratamentos necessários. “Outras formas de prevenção envolvem a educação da sociedade para uma redistribuição de carga doméstica e de cuidado com os filhos com outros atores, além do pai e família extensa”, detalha a psicóloga Carolina Leão.
Nem sempre a mulher irá perceber que a saúde mental não vai bem, devido a situação em que está inserida de oscilações hormonais, privação de sono e demandas do bebê. Por isso, a especialista ressalta a importância de observar sinais persistentes. “Quando o choro é intenso e perdura por mais de um mês, quando os pensamentos ruins envolvendo o bebê ou uma vontade de sumir forem recorrentes, quando o autocuidado está muito prejudicado, a mulher ou quem convive com ela deve buscar ajuda”, detalha.
Atendimento
Na rede pública, a prevenção e cuidado se iniciam na Unidade Básica de Saúde (UBS) do território de origem, com a realização do pré-natal. Neste momento, são identificadas as gestantes que apresentem alterações psíquicas ao longo da gestação, assim como fatores de risco. Em casos necessários, as gestantes são encaminhadas às policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Além disso, há um ambulatório de saúde mental perinatal de referência no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), destinado às gestantes e mães com transtornos mentais mais graves.
*Com informações da SES-DF