Artigo de Pedro Rapôso, ator e professor de teatro no Colégio Marista Águas Claras
Nesta sexta-feira, 19 de setembro, é celebrado o Dia Nacional do Teatro. Esta data é destinada a homenagear uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade, em especial os artistas brasileiros. A primeira forma de teatro surgiu no Oriente, apesar de ser um conceito de teatro relacionado com rituais religiosos. O teatro como forma de arte surgiu na Grécia Antiga.
O teatro entrou em minha vida nos anos finais do fundamental, quando interprei Jesus Cristo em uma cantata de Natal. Desde então, minha vida mudou. No ano seguinte, entrei no Ensino Médio e fui direto atrás do teatro. Era algo que me fazia bem e eu queria descobrir cada vez mais. Lá, participei de nove espetáculos. Percy Jackson, Romeu, Marius, A Vilã, Glorinha… são diversos personagens que marcaram a minha história.
Assim que saí do Ensino Médio, ingressei no curso de bacharelado em Interpretação Teatral – Artes Cênicas, na Universidade de Brasília (UnB). Lá, reforcei meu amor, consolidei o que significava família no teatro, e tive diversas experiências únicas. Passei por desafios e provações, e depois de uma jornada árdua, concluí minha graduação. Não pensava em ser professor, não sabia o que fazer com a minha carreira, eu estava desacreditado. Mas o ciclo se completou e algo novo aconteceu. Poucas semanas depois de me formar, no começo de 2022, fui indicado para uma entrevista para ser o primeiro professor oficial de teatro de um colégio no Distrito Federal. Fui o primeiro entre cinco candidatos – dos quais eu conhecia todos, e sabia que eram mais experientes na área do professor.

Na entrevista, fui sincero. Minha experiência era no palco. Tive monitorias avulsas, espetáculos infantis e animação de festa, e também era monitor de Musicalização Infantil em outra escola. Mas eu tinha uma visão. Acabei sendo escolhido e como professor, foi um grande aprendizado. Todo ano a quantidade de alunos cresce, a demanda de espetáculos, a qualidade do trabalho e muito mais. Sinto que foi um chamado, não me imaginava sendo professor e agora é como se eu realizasse um sonho todos os dias.
É muito gratificante ensinar e produzir teatro com alunas incríveis, como Gabriela Bisconsin, de 15 anos, atualmente no 1º Ano no Ensino Médio, e Ana Villena, de 17 anos, do 3º ano do Ensino Médio. Sinto que estou dando aula para grandes amigas.
O teatro entrou na vida de Gabriela quando era um bebê ainda. Ela foi crescendo e o teatro jamais a abandonou. Um pouco mais velha, passando por dificuldades pessoais e com ansiedade social, não conseguindo se expressar e ficando cada vez mais introvertida, decidiu entrar na turma de teatro do Marista de Águas Claras. Ela diz que foi a melhor decisão de sua vida. Tem se tornado uma atriz incrível, dedicada e apaixonada pela arte de sentir! De Elizabeth e Ventilador para Morfeu, o Deus dos Pesadelos, Gabi tem uma caminhada linda de se acompanhar.
Já Ana faz parte de outra jornada, pois teve o primeiro contato com teatro em 2018, e mergulhou de cabeça. Conheceu o teatro do Marista de Águas Claras em 2022, através dos colegas de turma. Mesmo não fazendo parte do grupo, participou de diversos processos, se tornando uma espécie de “estagiária” do professor, trabalhando na produção e contribuindo de diversas formas. Em 2025, entrou como aluna e atriz, e conquistou um papel de destaque no espetáculo “Os Filhos das Noite”, sendo Morfeu, o Deus dos Sonhos. Possui outras experiências muito positivas como participar da iluminação de “A Miserável Vida de Dante Villena” e da direção do Musical “Bolso Velha Infância”. É uma parceira diferenciada e com muita vontade de fazer o teatro acontecer.
Portanto, teatro para mim é amor, e foi algo que definiu minha carreira como um todo. O palco era a minha casa. Mas além disso, teatro são as pessoas. Teatro é a arte de se expressar, e não se faz teatro sozinho.