Com 82 casos desde 2019, a região supera outras 12 localidades juntas; difamação e injúria são as causas mais frequentes
Águas Claras é a região administrativa do Distrito Federal com o maior número de ocorrências policiais envolvendo síndicos e moradores de condomínios. Desde 2019, foram registrados 82 casos, superando os dados combinados de 12 outras regiões. Os anos de 2020 e 2022 lideraram as ocorrências na cidade, com 17 registros cada. Apenas entre janeiro e outubro de 2024, Águas Claras já atingiu a mesma marca, podendo superar o recorde anterior até o final do ano.
Comparativo com outras regiões
O Plano Piloto ocupa o segundo lugar, com 80 ocorrências no mesmo período, seguido por Taguatinga, com 38 registros. Por outro lado, 10 regiões administrativas, incluindo Ceilândia (8 casos), Sobradinho (4) e Lago Sul (3), somaram menos de 10 casos nos últimos seis anos.
A maior densidade populacional do DF, com 14.074 pessoas por km², também contribui para o destaque de Águas Claras. Segundo o Censo 2022 do IBGE, a região abriga 128,4 mil moradores em uma área de 9,1 km².
Causas dos conflitos
Dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), obtidos via Lei de Acesso à Informação, apontam que difamação lidera as naturezas criminais dos conflitos, com 165 casos, seguida de injúria (158), calúnia (123) e ameaça (114). Casos de lesão corporal dolosa, vias de fato e tentativa de lesão corporal também aparecem, mas em menor número.
Casos emblemáticos
O residencial Atol das Rocas, em Águas Claras, é apontado como um dos responsáveis pela alta em 2024, com nove boletins registrados contra o síndico Cláudio Araújo Caetano. Moradores o acusam de perseguições e gravações indevidas, enquanto ele afirma ser alvo de retaliações após desarticular supostas irregularidades no condomínio.
Outros casos emblemáticos incluem um síndico agredido com golpes de mangueira em 2022 e um jornalista atacado fisicamente após um desentendimento sobre equipamentos da academia coletiva do condomínio.
Análise da AssoSíndicos-DF
Emerson Tormann, presidente da Associação dos Síndicos de Condomínios Comerciais e Residenciais do DF (AssoSíndicos-DF), acredita que os conflitos em Águas Claras estão ligados ao poder aquisitivo e à alta demanda por serviços dos síndicos. “Muitos moradores veem o síndico como um funcionário, o que gera embates. Além disso, há insatisfação constante com taxas condominiais, atribuídas à má gestão.”
Tormann também destaca que a “movimentação conturbada” das regiões com maior densidade populacional, como Águas Claras, Taguatinga e Plano Piloto, eleva o nível de estresse e os conflitos. Em contraste, ele argumenta que regiões como Ceilândia tendem a resolver esses problemas internamente, sem registro de ocorrências.
Medidas para evitar conflitos
A AssoSíndicos-DF tem promovido cursos e campanhas de conscientização para melhorar o relacionamento entre síndicos e condôminos. Entre as iniciativas estão palestras sobre linguagem não violenta e encontros para fomentar o bem-estar nas comunidades. “É essencial conscientizar as partes para evitar conflitos e fortalecer a convivência pacífica”, concluiu Tormann.
*Com informações do Metrópoles