Serviço de patinetes elétricos compartilhados está em fase de testes, mas promete transformar a mobilidade urbana.
A mobilidade urbana em Águas Claras ganhou um novo aliado: os patinetes elétricos compartilhados. Não é preciso andar muito para encontrar um no meio do caminho, eles estão por todo lado e vieram transformar a locomoção diária em praticidade. O serviço, resultado de uma parceria entre a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob-DF) e a empresa JET, já presente em 16 cidades brasileiras, está em fase de testes e pode ser utilizado pela população até abril.
A intenção é proporcionar uma experiência segura, para isso, os patinetes contam com amortecedores, faro, lanterna traseira, setas, freios dianteiro e traseiro com luz, buzina, indicador de velocidade e suporte para celular com carregamento por indução. Além disso, o sistema possui monitoramento em tempo real e tecnologia antifurto.
Mas os patinetes exigem atenção redobrada no trânsito. O uso de capacetes, roupas adequadas e respeito às normas de circulação, também são fundamentais para se evitar acidentes.
Como funciona?
Atualmente, 672 patinetes estão distribuídos em estações virtuais espalhadas pela região. Para utilizá-los, basta baixar o aplicativo da JET, disponível para iOS e Android, localizar um patinete próximo e iniciar a viagem. O sistema opera dentro de uma área delimitada pela empresa, e, caso o usuário ultrapasse essa região, um alarme é acionado e a equipe da JET é notificada.
O serviço está disponível apenas para maiores de 18 anos, sendo permitido cadastrar até cinco usuários por conta. A velocidade dos aparelhos varia conforme o local:
- 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas;
- 15 km/h em vias urbanas;
- 6 km/h em áreas de segurança.
A ativação custa R$ 1,99 em dias úteis, e a tarifa por minuto varia de acordo com o horário:
- Das 5h às 10h: R$ 0,25;
- Das 10h às 17h: R$ 0,39;
- Das 17h às 5h: R$ 0,49.
Experiência do usuário
Alice Melo, moradora da Rua 26 Norte, enfrentou dificuldades iniciais ao utilizar o serviço. “Localizei o aplicativo facilmente, mas tive muita dificuldade no começo para desbloquear, achei que o patinete estava quebrado. Foi preciso entrar em contato com a equipe para entender como funcionava, pois eu não sabia que era necessário dar um impulso inicial antes de ele começar a rodar”, relata. Após entender o funcionamento, aprovou a experiência: “Se o serviço se tornar definitivo na cidade, pode até substituir o Uber ou o carro em trajetos curtos, especialmente com um plano de assinatura fixa e também seria ótimo para ir ao estágio, à academia ou ao trabalho. Só precisaria me adaptar ao salto”, brinca.
Alice também elogiou a facilidade de estacionamento e a segurança do sistema. “Basta parar em qualquer lugar permitido, tirar uma foto e enviar pelo aplicativo. Os freios são eficientes, e a segurança é adequada”, avalia. Entretanto, considera que o preço pode pesar no bolso. “Para certos trajetos, acaba saindo mais caro que um Uber”, pondera.
Desafios e preocupações
Os usuários precisam estar atentos quanto à presença de pedestres, garantindo assim uma convivência segura e harmoniosa no espaço compartilhado com crianças, idosos e pets. Para isso, reduzir a velocidade e sinalizar sua passagem sempre que necessário, evita sustos e possíveis acidentes. Mas não é o que vem acontecendo pela cidade. Não é difícil observar condutores passando muito próximos aos transeuntes, até mesmo pela falta de manejo com o aparelho.
Apesar das vantagens, a falta de conscientização de alguns usuários preocupa moradores. Lucimar Veiga, residente da Avenida Sibipiruna, e relata situações de risco. “Eu estava subindo o viaduto do metrô quando dois adolescentes passaram em alta velocidade ocupando toda a passagem. Tive que encostar no muro, com medo de ser atropelada”, desabafa.
Ela também testemunhou casos de uso inadequado. “Vi um homem usando o patinete com uma criança pequena. Qualquer obstáculo poderia ter causado um acidente grave”, alerta. Para ela, uma fiscalização mais rigorosa é essencial para garantir a segurança de todos.
Lucimar acredita ser necessária uma maior fiscalização para garantir o uso seguro dos equipamentos. “Falta bom senso. Não dá para permitir esse tipo de situação. Do jeito que está, vai acabar se tornando um problema, pois não dá para controlar quem está conduzindo. Vi adolescentes de 13, 14 anos pilotando, e que noção eles têm de trânsito ou perigo?”, questiona.
Onde os patinetes podem circular?
O uso dos patinetes segue as normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), conforme a Resolução nº 996/2023. Os locais permitidos incluem:
- Calçadas e passeios: velocidade máxima de 6 km/h;
- Ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas: conforme a regulamentação do Detran;
- Vias locais e coletoras (limite de 40 km/h): nos bordos laterais, seguindo o fluxo dos carros.
O uso dos patinetes é proibido em faixas de rolamento de vias arteriais, de trânsito rápido, rodovias e estradas rurais com limite acima de 40 km/h.
Teoria e prática
Embora existam normas para o uso dos patinetes, na prática, a falta de fiscalização resulta em infrações. No Parque Ecológico de Águas Claras, por exemplo, o excesso de velocidade foi resolvido pela empresa JET que a limitou no local, entretanto, menores de idade são frequentemente vistos conduzindo os equipamentos, além de haver casos de mais de uma pessoa no mesmo aparelho, evidenciando que ajustes e fiscalização se fazem necessários.
Para Lucas Vieira, 26 anos, os patinetes elétricos são uma ótima opção para quem quer passear sem esforço. “No Parque de Águas Claras, é uma alternativa prática para curtir o ambiente sem precisar pedalar”, comenta em tom de brincadeira.
Comparando com a bicicleta, ele ressalta que cada um tem seu propósito. “A bicicleta é melhor para quem busca atividade física. Já o patinete é mais para mobilidade, para quem quer só sentir o vento no rosto sem esforço. Já o valor, poderia ser mais acessível, porque o gasto é significativo”, opina.
No entanto, ele vê um problema na limitação da velocidade em alguns pontos do parque. “A segurança é importante, mas em certos trechos o patinete praticamente para e não consegue subir com uma pessoa, o que dificulta completar o trajeto. Se ajustarem isso, a experiência seria bem melhor”, sugere.
Um passo para o futuro da mobilidade
Para o Secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, a fase de testes é um importante avanço na modernização do transporte na região. “Esse serviço não gera custos para o GDF, que apenas cede o espaço para a exploração experimental por 90 dias. A expectativa é que, nas primeiras semanas, sejam realizados 5 mil cadastros”, destaca. Apesar de alguns desafios iniciais, os patinetes elétricos se mostram uma alternativa prática e promissora para a mobilidade urbana. Com ajustes como um modelo de tarifa mais acessível e melhorias na aceleração, eles têm potencial para se consolidar como uma opção moderna, sustentável e eficiente para pequenos deslocamentos em Águas Claras.
