Uma briga entre vizinhos de um condomínio de Águas Claras foi tema de um boletim de ocorrência registrado na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). O motivo seria o fato do cachorro de um dos moradores não usar focinheira. Houve bate-boca e empurrões entre os envolvidos.
O caso ocorreu em 28 de maio e ficou registrado como ocorrência de lesão corporal, além de omissão de cautela na guarda ou condução de animais. O reclamante foi um sargento da Polícia Militar de 45 anos, que discutiu com o tutor de um cão da raça american bully, no hall de entrada do prédio (assista abaixo).
O responsável pelo animal, Ulisses Alves da Conceição, conta que voltava de um passeio com o cachorro quando o vizinho o abordou. Ele acrescenta que o policial tem registros de reclamações por outros tipos de problemas com moradores do condomínio.
“Ele nunca tinha me visto na vida e chegou sendo autoritário, mostrando a arma para mim, dizendo que me levaria preso. Ele estava falando grosso comigo, dizendo que eu estava cometendo um crime. A viatura que ele chamou demorou uma hora para chegar, quando ele ameaçou me matar e matar o animal. Sendo que, dentro e fora do condomínio, não sou obrigado a usar focinheira no meu cachorro. Ele se acha chancelado a agir assim por ser agente de segurança pública”, .
Ulisses
No vídeo, é possível ver que há outros dois cães de pequeno porte próximos ao american bully. O PM começa a reclamar sobre o uso da focinheira e chega a puxar a coleira do cachorro, que permaneceu calmo e quieto durante a briga. O tutor do pet afirmou que o militar ameaçou atirar no animal durante a troca de empurrões e insultos.
Veja o momento em que o cachorro é arrastado
Informações da Sociedade Brasileira de Cinofilia (Sobraci) destacam que o perfil de cães da raça american bully é considerado “gentil e amigável”. “Essa raça é um excelente cão de família. (…) Comportamento agressivo com pessoas não é característico da raça e altamente indesejável”, diz o site da associação especializada.
O regimento interno do condomínio segue uma lei distrital sobre o uso de focinheiras. Ela diz que “cães de grande porte, de raças destinadas a guarda ou ataque usarão focinheira quando em trânsito por locais de livre acesso ao público”. Ulisses diz que o cachorro dele é de médio porte e, por isso, não se enquadraria nessa obrigatoriedade. O morador registrou queixa na corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
O PM, identificado como Marcus Vinícius Rodrigues, não tem apenas essa acusação em sua ficha, também é acusado de atirar no passageiro de um carro, em 2011, na Quadra 300 do Sudoeste. Em novembro de 2013, ele foi julgado pelo Tribunal de Júri de Brasília. O réu respondia por tentativa de homicídio, mas teve o crime desclassificado pelo voto dos jurados. Ele foi sentenciado a dois anos e seis meses de reclusão a serem cumpridos em regime inicial aberto e pôde recorrer da sentença em liberdade.
Procurada, a PMDF diz que não há registro de atendimento à ocorrência e que não comunicou a corregedoria sobre a ação.
Após o ocorrido, Ulisses e a mulher decidiram organizar um ato, no próximo sábado (12/6), contra o abuso de autoridade. A reunião ocorrerá em frente à estação de metrô Concessionárias, em Águas Claras.
Ao Correio, Marcus Vinícius disse que não se pronunciará a respeito do caso.
*Com informações do Correio Braziliense